Tem cheiro (e gosto) de evolução no ar

Nossas preferências alimentares são fortemente influenciadas pela nossa cultura. Mas, mesmo antes do surgimento de civilizações, homens já escolhiam seus alimentos da mesma forma que os outros animais. A escolha de nossos alimentos depende também de nossos genes, ou melhor, das versões dos genes que carregamos.

Em 1931, um químico chamado Arthur L. Fox utilizava em seu laboratório um produto químico em pó chamado feniltiocarbamida (abreviado como PTC). Acidentalmente, deixou um pouco do produto escapar enquanto o manipulava. Fox e seu colega, C.R. Noller, ingeriram um pouco do ar contendo PTC. Noller salientou o quão amargo era o pó e Fox ficou surpreso pois, apesar de estar muito mais próximo do produto, não sentiu nenhum gosto. Ambos experimentaram o pó novamente e Noller insistiu que ele era extremamente amargo enquanto Fox reiterava que não sentia nenhum sabor. Intrigado com a diferença, Fox distribuiu cristais de PTC a seus amigos e familiares e perguntou se eles sentiam algum gosto. Algumas pessoas, como Fox, não sentiam gosto algum; outros o descreviam com amargo. Rapidamente, o relato de Fox atraiu atenção de geneticistas que mostraram que a sensibilidade ao PTC tinha um componente genético – as pessoas tinham uma maior probabilidade de sentir o gosto de PTC se outros membros de sua família também o sentiam. Continue Lendo “Tem cheiro (e gosto) de evolução no ar”

O sono da civilização

O sono tem muitas funções e pode ser um dos motores de nossa evolução ao propiciar tempo livre e um rico imaginário para nossas inovações

De criança, sonhava sempre. Sonhos elaborados, com começo meio e fim, animados, e emocionantes, como um cinema mudo colorido onde tudo é em primeira pessoa. Assim como os filmes hoje em dia, meus sonhos vinham também em uma sequência progressiva de histórias concatenadas. Voar, por exemplo, era tema frequente, e o fim do sonho de ontem era, invariavelmente, o começo do de hoje, e assim voava cada dia mais alto, mais longe, e mais seguro, nestas minhas lições noturnas de autonomia. Continue Lendo “O sono da civilização”

O que você sabe sobre os besouros rola-bostas?

Os benefícios causados pela presença de rola-bostas em pastagens são estimados em 350 milhões de dólares nos EUA. Saiba o que esses besouros têm de tão valioso.

Besouros da subfamília Scarabaeinae (Coleoptera: Scarabaeidae) são popularmente conhecidos como escaravelhos ou rola-bostas, uma referência ao hábito de remover e manipular, em formato esférico, porções das fezes de mamíferos. Essas “bolas” de massa fecal são transportadas e enterradas em ninhos ou galerias cavadas pelos próprios rola-bostas, que as utilizarão para nidificação e alimentação de larvas e adultos (veja figura abaixo).

Ao observarem esse comportamento, associado à emersão de indivíduos jovens, os egípcios antigos passaram a utilizar escaravelhos como símbolos da ressureição, usando-os como amuletos e também esculpindo-os em tumbas e sarcófagos de grandes faraós. Continue Lendo “O que você sabe sobre os besouros rola-bostas?”

Nossos irmãos invertebrados

Os parentes mais próximos dos vertebrados são os tunicados, invertebrados marinhos que simplificaram seu genoma e sua morfologia durante a evolução.

Classificar é organizar em categorias seguindo certos critérios. Classificamos como planetas os corpos celestes esféricos que orbitam estrelas. Classificamos como lixo eletrônico os correios que não nos interessam. Em biologia, usamos o critério de parentesco (ou filogenético) para classificar as espécies. Identificamos linhagens e unimos parentes em uma imensa genealogia que chamamos de árvore da vida.

Às vezes é fácil. Nós, por exemplo, somos primatas e mamíferos. Somos também vertebrados e temos um ancestral comum mais próximo aos peixes, anfíbios e répteis do que a outros animais. Mas antes disso? Quais invertebrados são nossos parentes mais próximos? Quem é nosso grupo-irmão invertebrado? Continue Lendo “Nossos irmãos invertebrados”